O SUJEITO LACANIANO E A ORGANIZAÇÃO: A INEXORABILIDADE DOS AFETOS/LIBIDO NA PRODUÇÃO DO ORGANIZAR
Resumo
Este trabalho buscou refletir sobre a relação entre o sujeito lacaniano e a organização da resistência do Centro de Mídia Independente Florianópolis (CMI). O sujeito lacaniano se constitui por meio da linguagem e emerge marcado por uma falta inerradicável. Essa qualidade ontológica do sujeito não permite seu fechamento em uma identidade fixa, por isso Lacan o nomeia como falta-a-ser. Esse sujeito faltoso busca constituir sua identidade por meio de repetidos processos de identificação a discursos e objetos da cultura de seu tempo. A pesquisa se baseou em uma abordagem qualitativa com geração e coleta de dados feita por meio de fontes secundárias e primárias, estas últimas implicaram em engajamento direto com as atividades desenvolvidas pelo CMI pela via da militância. Assim, este estudo, permitiu-nos observar que o CMI adota uma perspectiva política autonomista, herança do anarquismo do século XIX e XX. O CMI, ao se identificar com essa tradição de lutas anticapitalistas, abraça também seus princípios políticos e organizacionais: a horizontalidade, a não liderança, o consenso, a autonomia, a independência e a ação-direta. Nesse contexto, esse significante funciona como um ponto nodal na constituição da identidade do CMI e é investido libidinalmente pelos sujeitos que se identificam com esse discurso, ensejando uma visão antiessencialista da organização, na qual essa passa a ser entendida como uma prática social e discursiva em permanente disputa e transformação.
Palavras-chave
autonomismo
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