MEMÓRIA INSTITUCIONAL, AUTOGESTÃO E TOMADA DE DECISÃO EM UM EMPREENDIMENTO ECONÔMICO SOLIDÁRIO NO CAMPO DA RECICLAGEM

Rita de Cássia da Rosa Sampaio Brochier, Daiana Schwengber, Maria de Lourdes Borges

Resumo


As instituições são construídas de forma coletiva a partir de suas relações sociais, culturais e pelos acontecimentos históricos. Para Costa (1997) a memória institucional refere-se a reprodução de práticas sociais cotidianas que tendem a se cristalizar ao longo do tempo. As práticas sociais cotidianas das organizações estão intimamente relacionadas com o desenvolvimento de seus processos de gestão, em organizações regidas pela economia tradicional ou em economias alternativas, como a economia solidária. Um dos princípios ideológicos da economia solidária é a autogestão (GAIGER, 2004). A proposta desse estudo parte do pressuposto de que o entendimento de que o processo autogestionário pode não se efetivar pela não participação dos cooperados na tomada de decisão do trabalho coletivo (BROCHIER, 2015). Dessa maneira, a questão norteadora deste trabalho é: Como a memória institucional se relaciona com o desenvolvimento da autogestão no que tange à tomada de decisão em um empreendimento econômico solidário no campo da reciclagem em Canoas? O método utilizado para o desenvolvimento e exploração do problema deste estudo foi o método qualitativo. O percurso metodológico envolveu seis entrevistas semiestruturadas, realizadas entre os meses de março e maio de 2015. Além das entrevistas, houve a necessidade em adotar uma forma de registro das observações, que denominamos de diário de campo. Os resultados das análises indicam que a relação da memória institucional com desenvolvimento da autogestão no que tange à tomada de decisão, é o hábito da prática social cotidiana replicada ao longo do tempo. A prática da memória-arquivo é identificada na fala dos participantes afirmando haver decisões autogestionárias na cooperativa. Já, a prática da memória-acontecimento, aquela que vai além do visível e dizível, destacada no diário de campo das pesquisadoras, aponta para decisões não autogestionárias. Apontando, assim, para um processo que parece a uma primeira vista, ser autogestionário, mas que as evidências indicaram que muito possivelmente não seja.

Palavras-chave


Economia Solidária

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