O CAMPO BUROCRÁTICO DO ESTADO EM AÇÃO NAS FAVELAS: UMA MAQUIAGEM DO ESPAÇO

Resumo

Neste trabalho tivemos por objetivo analisar em que medida os agentes do campo burocratico do Estado em ação nas favelas, no contexto da pacificação, transformam o espaço social, em prol da superação das condições de desigualdade. Partimos de uma compreensão do Estado enquanto um campo de poder, e buscamos relacioná-lo à noção de processos de organizar, com base na processualidade inerente a ambos. Pautamo-nos, ainda no conceito de espaço social, compreendido a partir de um imbricamento entre social e material. A coleta de dados se deu por meio de pesquisa de campo de inspiração etnográfica em duas favelas cariocas, durante 1 ano e 4 meses, acompanhada de 91 entrevistas semi-estruturadas. Os dados foram analisados para codificação em categorias empíricas, agregadas em categorias de segunda ordem, que em seguida foram agregadas em categorias teóricas. Buscamos demonstrar como o campo burocrático do Estado impõe padrões de dispersões e sobreposições aos processos de organizar de seus agentes. Em seguida, mostramos que tais processos de organizar parecem ser capazes de realizar uma “administração da pobreza”, baseada em mudanças paliativas, ou mudanças materiais que dão os contornos de uma “maquiagem”.