HONRANDO A “ESCOLA DO CORAÇÃO”: A DÁDIVA COMO PRÁTICA SOCIAL

Ana Carolina Júlio

Resumo


O objetivo deste artigo é analisar como outras possibilidades de relações sociais, marcadas pela honra, respeito, afeto e reciprocidade, influenciaram o processo organizativo e a vida social da Unidos de Jucutuquara, uma escola de samba de Vitória/ES. Para compreender esses fenômenos, utilizei a epistemologia de Schatzki e as noções de dádiva e reciprocidade de Marcel Mauss. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada por meio da triangulação entre observação participante de inspiração etnográfica, entrevistas e pesquisa documental; e da a análise de conteúdo temático a posteriori. As dádivas recíprocas revelaram-se como uma prática social, sendo fortemente marcadas e organizadas pelas teleoafetividades. Durante o carnaval de 2014/2015, o objetivo dos integrantes da escola foi honrar o pavilhão e a memória do seu presidente, retribuindo a dádiva que se recebeu - o prazer de desfilar, a amizade e a família, por exemplo. Considero que os objetivos (enquanto senso de propósito) de uma organização estão para além de seus resultados instrumentais/racionais, coexistindo com sentimentos, emoções, afetos e humores dos atores sociais. Assim, teleoafetividades também podem orientar o que as pessoas fazem; sendo as dádivas recíprocas exemplos de ações de “fazer” e “dizer”, de práticas sociais orientadas por essa dinâmica afetiva.

Palavras-chave


Dádiva

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