COMO PENSAR O DESENVOLVIMENTO? CONSIDERAÇÕES EPISTEMOLÓGICAS SOBRE O PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO.

Pedro Goncalves Afonso Frizo, Wagner Nascimento

Resumo


Este trabalho tem como objetivo central oferecer uma proposta epistemológica para os estudos inseridos dentro do tema “desenvolvimento econômico e social”, visando posicionar o engajamento coletivo induzido por empreendedores institucionais como variável explicativa para a natureza destes processos. A partir de uma releitura das principais referências relacionadas ao tema do desenvolvimento, observa-se que os principais trabalhos nas ciências sociais se inserem nas perspectivas do Pós-Desenvolvimento e da Escola das Capacitações. Observou-se que a primeira perspectiva teórica lida com a questão do desenvolvimento a partir dos enquadramentos interpretativos oferecidos pelos grupos sociais que se posicionam em condições de vulnerabilidade social perante o “desenvolvimentismo”, ao passo que a segunda perspectiva consolida uma visão teleológica acerca dos processos de desenvolvimento, despontando a questão da expansão das liberdades individuais como principal fim destes processos. Ao contrário destas duas vertentes, a proposta apresentada neste artigo defende um retorno à etimologia da palavra “desenvolvimento”, onde este será lido como um processo de “desembrulhamento”: um processo de estímulo a emergência de ações sociais e disposições antes constrangidas pelo arcabouço institucional precedente. Em termos teóricos, a proposta apresentada neste trabalho se aproxima da perspectiva da “virada institucional”, compartilhada por autores como Peter Evans e Geoffrey Hodgson, defendendo uma leitura do desenvolvimento como um processo de câmbio institucional. Em termos de operacionalização teórica, a proposta apresentada neste trabalho defende uma leitura de como empreendedores institucionais mobilizam o engajamento coletivo em determinadas localidades a fim de desafiar as instituições reguladoras dos campos sociais, transformando a realidade social local. Para tanto, dialoga-se com o conceito de “habilidades sociais”, de Neil Fligstein, como conceito chave dentro da proposta, onde os recursos – sejam eles econômicos, sociais, culturais ou simbólicos –, os enquadramentos interpretativos e a criação de identidade entre os grupos sociais imersos no campo despontam como categorias analíticas para o estudo do engajamento coletivo induzido pelos empreendedores institucionais. Por fim, é apresentado um exemplo de pesquisa empírica que siga a proposta epistemológica defendida.

Palavras-chave


instituições

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