DE CIDADE LOCAL A PSEUDOCIDADE: IMPLICAÇÕES DA EMPRESARIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO SOB O MITO DO PROGRESSO
Resumo
Com base na teoria da empresarização e sua apropriação ao contexto brasileiro, proponho neste artigo incorporar às discussões sobre o mito do progresso as teorias sobre espaço propostas por Milton Santos, argumentando que sob o capitalismo dependente a ideologia do progresso se destaca como traço característico do processo de empresarização e promove a formação de pseudocidades. A expectativa de modernização de cidades locais, impulsionada pelo mito do progresso, promove a transformação destas em pseudocidades, uma vez que reduz sua autonomia econômica e reproduz relações características do capitalismo dependente (FERNANDES, 1976). Entendo que a revisão de diferentes abordagens sobre a ideia de progresso pode contribuir para a desnaturalização da centralidade da empresa, evidenciando como esse conceito foi sendo adaptado ao longo do tempo, de acordo com determinados interesses, tal como apontam Nisbet (1980) e Dupas(2006). As teorias sobre espaço que, na abordagem aqui adotada, tem como fundamento as proposições de Milton Santos, permitem um detalhamento da dinâmica da organização espacial, possibilitando a identificação e caracterização de diferentes tipos de relações entre a empresa e os demais atores e objetos com os quais interage no local em que se instala. Propõe-se a análise a partir do processo que vem ocorrendo no município de São José do Norte/RS, que passa a integrar o Polo Naval do Rio Grande com a instalação da empresa Estaleiros do Brasil Ltda. (EBR).
Palavras-chave
Pensamento Social Brasileiro
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